sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

BORN FREE

 

Título original: “Born Free: A Lioness of Two Worlds” (1960)
Editora: Livros do Brasil
Tradução de Armando Ferreira
Capa de Infante do Carmo
Prefácio de Lord William Percy
Apresentação do Capitão Charles Pitman
Dimensões: 145 X 210 X 18 mm
Nº de páginas:184
Nº de fotografias a P/B: 28


“Born Free” causou sensação quando foi publicado pela primeira vez em 1960. Primeiro livro de uma escritora checa chamada Joy Adamson, o livro conta a experiência que a autora teve juntamente com o seu marido, George Adamson, ao devolverem à vida selvagem uma leoa por eles criada desde os três meses de idade, numa reserva de caça do Quénia, durante os últimos anos da década de 1950. Na altura foi um êxito extraordinário de vendas, tendo estado 13 semanas em 1º lugar dos bestsellers do New York Times. O sucesso estendeu-se practicamente a todo o mundo, tendo havido traduções em inúmeras línguas. Tal êxito daria origem a um filme, com o mesmo nome, que estreou EUA a 4 de Março de 1966. Com argumento de Lester Cole e da própria escritora, a realização foi entregue a James Hill. O próprio George Adamson foi colaborador durante a produção do filme. Os papéis principais foram entregues a Virginia McKenna e Bill Travers (casados na vida real), e o binómio livro/película teve um enorme impacto sobre a conservação dos animais selvagens e o meio ambiente.

Em Portugal, quer o livro quer o filme, foram apresentados com o nome de “Uma Leoa Chamada Elsa”. Tinha 13 anos quando vi o filme pela primeira vez em Julho de 1966, altura em que a estreia ocorreu em Johannesburg. Para alguém nascido e criado no continente africano, aquela pequena história veio cimentar ainda mais a minha paixão por África, nessa altura em fase acelerada de crescimento. Foi por isso um filme que marcou o início da minha adolescência, apesar de só muito mais tarde ter tido acesso ao livro. Aliás, não é caso único: considero-me mais cinéfilo do que leitor, e ao longo da vida foi o cinema que me serviu de introdução a muitas obras literárias. De recordar ainda a homónima e belíssima canção do filme (galardoada com o respectivo Oscar, bem como o score musical), composta por John Barry (música) e Don Black (letra) e popularizada na voz de Matt Monro.



Nascida a 20 de Janeiro de 1910 em Silesia, na parte austríaca, Friederike Victoria Gessner foi educada em Viena, estudando música, escultura e medicina. Casou-se pela primeira vez com 25 anos, mas o casamento não durou muito. Em 1937 viajou para o Quénia, onde conheceu o segundo marido, o botânico Peter Bally, que lhe deu a alcunha de Joy. O apelido Adamson só o viria a obter em 1944, quando se casou pela terceira e última vez com George Adamson, guarda de uma reserva de animais selvagens, que conheceu durante um safari. A dedicação do casal aos animais culminou, como se sabe, na história da leoa Elsa (assim chamada porque Joy tinha tido na sua juventude uma grande amiga com esse mesmo nome). Em Janeiro de 1961, um ano depois do lançamento do livro, Elsa, a “estrela” principal, viria a morrer, vítima da chamada febre do carrapato (tick fever). Foi enterrada no Meru National Park.



A partir dessa data o casal separou-se, seguindo cada um deles rumos diferentes, apesar de oficialmente nunca se terem divorciado. Permaneceram bons amigos, passando inclusive muitos natais juntos. Joy Adamson viria a falecer na reserva nacional do Shaba, a 3 de Janeiro de 1980 (a 17 dias de completar os 70 anos), assassinada por um empregado. Foi cremada, e as cinzas deitadas no local onde Elsa se encontrava sepultada. Além de escritora, Joy era uma conceituada pintora, e muitos dos seus mais de 500 trabalhos encontram-se expostos num museu de Nairobi. George Adamson viveria mais nove anos do que a mulher, tendo morrido também no Quénia, aos 83 anos, e também assassinado por foragidos. Encontra-se sepultado junto ao seu leão favorito, de nome Boy. Três anos antes da sua morte, George tinha publicado a sua autobiografia, intitulada “My Pride and Joy”.

(Post by Jota Marques)

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