ANA LUÍSA AMARAL
(abril 1956 - agosto 2022)
§
'poesia'
«ÁGORA »
Livro ~ Novembro 2019 ~ Assírio & Alvim
(Cartonado/Capa dura/142 pags)
ANA LUÍSA AMARAL
(abril 1956 - agosto 2022)
§
'poesia'
«ÁGORA »
Livro ~ Novembro 2019 ~ Assírio & Alvim
(Cartonado/Capa dura/142 pags)
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SALOMÉ
Mesmo pensada,a traição tem saborque dulcifica
Como bater de remosou pequenas aragensinvade o coraçãoProtegida na escuridãoda menteganha fulgoresde coisa desejadaAmanos extremosdo saber
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A EXECUÇÃO
aqui está, minha filha:tu desejastee eu Executeie ela Pintou-oentre gesto e anseioe deu -meesta tristeza assim,partida ao meioe um sorriso suspensoe um olharde menos vidaque a vida Deleausente
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Quantas vezes te vie me surpreendi porque te olhava?sentindo a tentação de te espiare o desejo de amaro que não tinhaComo saberpelos sonhos mais nusque me assaltavamque eu não era paisagem para ti?Dizem luxúria sóonde houver amore um crime tão enorme de luxúria:mas eu quis-te indefesocomo festa,os teus lábios a festa para mimQuantas vezes me vipensando no meu crimee na história dos homensa julgar-me!Mas o que eu lina bandeja do crimeforam os olhos com que tume olhavas(finalmente eu paisagem)e a luxúriaque há sempreno amor
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Ana Luísa Amaral nasceu a 5 de abril de 1956, em Lisboa.
Autora de mais de três dezenas de livros, entre poesia, teatro, ficção, infantis e de ensaio, a sua obra está traduzida e publicada em diversos países.
Obteve várias distinções e prémios em Portugal e no estrangeiro, como a Medalha da Cidade de Paris, a Medalha de Ouro da Câmara Municipal do Porto, por serviços à Literatura, o Prémio Literário Correntes d’Escritas, o Premio de Poesía Fondazione Roma, o Grande Prémio de Poesia da APE, o Prémio PEN de Ficção, o Prémio Vergílio Ferreira, ou, ainda, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana.
Traduziu diferentes poetas, como Emily Dickinson, William Shakespeare ou Louise Glück. Foi professora jubilada da Faculdade de Letras do Porto e membro sénior do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, onde trabalhou nas áreas de poéticas comparadas e estudos feministas.
Morreu a 5 de agosto de 2022.
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(Post by Zé Marrana)
Ana Luísa Amaral nasceu a 5 de abril de 1956, em Lisboa. Autora de mais de três dezenas de livros, entre poesia, teatro, ficção, infantis e de ensaio, a sua obra está traduzida e publicada em diversos países. Obteve várias distinções e prémios em Portugal e no estrangeiro, como a Medalha da Cidade de Paris, a Medalha de Ouro da Câmara Municipal do Porto, por serviços à Literatura, o Prémio Literário Correntes d’Escritas, o Premio de Poesía Fondazione Roma, o Grande Prémio de Poesia da APE, o Prémio PEN de Ficção, o Prémio Vergílio Ferreira, ou, ainda, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana. Traduziu diferentes poetas, como Emily Dickinson, William Shakespeare ou Louise Glück. Foi professora jubilada da Faculdade de Letras do Porto e membro sénior do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, onde trabalhou nas áreas de poéticas comparadas e estudos feministas. Morreu a 5 de agosto de 2022.
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Como se fosse o último dia
© Ana Luísa Amaral
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ILUSIONISMOS
Repara, meu amor: são duas da manhã
e eu ainda aqui a começar
(na minha hora que tem sido a hora
onde poemas são e se entrelaçam)
São duas da manhã e sem luar:
não sei atravessar-te pelo vidro
e criar-te metáfora de brilho
São duas da manhã e o céu
tão escuro como carvão-carvão:
onde vou inventar pequenos seixos
para fazer fogueira que te escorra?