(Post by Jota Marques)
segunda-feira, 31 de outubro de 2022
MEMÓRIA DAS MINHAS PUTAS TRISTES
Um livro inspirado na
obra-prima de Yasunari Kawabata "A Casa das Belas Adormecidas". Um jornalista
decide celebrar o seu nonagésimo aniversário oferecendo a si mesmo um presente
que o faça sentir que ainda está vivo: uma adolescente virgem. Num bordel vê
uma jovem de costas, completamente nua, e a sua vida muda radicalmente. E agora
que a encontrou, está prestes a morrer, não de velhice, mas sim de amor. "Memória
das Minhas Putas Tristes" é a história deste excêntrico e solitário ancião. O
leitor irá acompanhar as suas aventuras sexuais à medida que o próprio desfia
as suas memórias. Após noventa anos de uma vida árida - passada a escrever
crónicas e resenhas maçadoras para um jornal provinciano, a dar aulas de
castelhano e latim a alunos tão sem perspectivas de futuro quanto ele, e, acima
de tudo, a deambular de bordel em bordel, só tendo tido relações com mulheres a
quem pagou -, inesperadamente, e pela primeira vez, encontra o verdadeiro amor.
Um romance cheio de sensibilidade que nos convida a pensar nos valores e nos
sentimentos que a vida nos desperta, nas mais variadas situações. Escrito no
estilo incomparável de Gabriel García Márquez, este curto romance é uma
comovente reflexão sobre os infortúnios da velhice e, ao mesmo tempo, um hino
às alegrias da paixão.
Fotocomposição: Júlio de Carvalho
ISBN: 989-609-112-9
MINI-BIOGRAFIA:
Escritor colombiano nascido a 6 de Março de 1927 em Aracataca, um pequeno entreposto do comércio de bananas. Desde logo deixado ao cuidado dos seus avós, um coronel na reserva, ex-combatente na guerra civil, e uma apaixonada pelas tradições orais indígenas, estudou na austeridade de um colégio de jesuítas. Terminandos os estudos secundários, ingressou no curso de Direito da Universidade de Bogotá, mas não chegou a concluí-lo. Fascinado pela escrita, transferiu-se para a Universidade de Cartagena, onde recebeu preparação académica em Jornalismo. Publicou o seu primeiro conto, "La Hojarasca", em 1947. No ano seguinte, deu início a uma carreira como jornalista, colaborando com inúmeras publicações sul-americanas. No ano de 1954 foi especialmente enviado para Roma, como correspondente do jornal El Espectador mas, pouco tempo depois, o regime ditatorial colombiano encerrou a redacção, o que contribuiu para que Márquez continuasse na Europa, sentindo-se mais seguro longe do seu país.
Em 1955 publicou o seu primeiro livro, uma coletânea de contos que já haviam aparecido em publicações periódicas, e que levou o título do mais famoso, "La Hojarasca". Passando despercebida pelo olhar da crítica, a obra inclui contos que lidam compassivamente com a realidade rural da Colômbia. Em 1967 publicou a sua obra mais conhecida, o romance "Cien Años De Soledad" ("Cem Anos de Solidão"), romance que se tornou num marco considerável no estilo denominado como realismo mágico. Em "El Otoño del Patriarca" (1977, "O Outono do Patriarca"), Márquez conta a história de um patriarca, cuja notícia da morte origina uma autêntica luta de poder.
Uma outra obra tida entre as melhores do escritor é "Crónica De Una Muerte Anunciada" (1981, "Crónica de uma Morte Anunciada"), romance que descreve o assassinato de um homem em consequência da violação de um código de honra. Depois de "El Amor En Los Tiempos De Cólera" (1985, "Amor em Tempos de Cólera"), o autor publicou "El General En Su Laberinto" (1989, "O General no Labirinto"), obra que conta a história da derradeira viagem de Simão Bolívar para jusante do Rio Magdalena. Em 2003, as Publicações D. Quixote editam, deste autor, "Viver para Contá-la", um volume de memórias de Gabriel García Márquez onde o autor descreve parte da sua vida. Galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1982, Gabriel García Márquez morreu a 17 de abril de 2014, aos 87 anos, na sua casa da Cidade do México, ao lado da mulher Mercedes e dos seus dois filhos.
(Post by Jota Marques)
CAIXA DE CORREIO
(Post by Jota Marques)
LOVE ME DO! A ASCENSÃO DOS BEATLES
Michael Braun, Graymalkin Media, LLC 1964
1ª edição em Portugal: Guerra e Paz Editores, Outubro 2022
Tradução de Maria Ferro
ISBN: 978-989-702-879-3
A presente edição não segue a grafia do novo acordo ortográfico
Até mesmo os bibliógrafos mais hábeis se vêm aflitos para se manterem a par de todos os livros publicados sobre os Beatles. Uma biblioteca completa incluiria mais de 250 obras em inglês publicadas até à data e inúmeras outras escritas noutras línguas. Poucas contribuem grandemente para o conhecimento geral que já se tem sobre a vida e o trabalho dos Beatles.
"Love
Me Do! A Ascenção dos Beatles" escapa decididamente a esta crítica. Embora
tenha sido escrito numa fase inicial da carreira da banda, em 1963-1964, e
esteja, portanto, relacionado apenas com a primeira parte da notável história
dos Beatles, tem uma grande probabilidade de ser o melhor livro que alguma vez foi escrito sobre eles. Com toda a
certeza, no que toca a oferecer uma visão das personalidades dos Beatles, é
inigualável e, para quem procura sentir o pleno sabor do período em que a
Beatlemania começou, "Love Me Do!" é fascinante e, a meu ver, insuperável.
Braun
passou três meses na companhia do Beatles e daqueles que lhes eram próximos
enquanto trabalharam primeiro nas províncias britânicas, depois em Londres,
depois em Paris e depois nos Estados Unidos. Em "Love Me Do!", relata
habilmente estas alegres aventuras de uma forma cativante que incita o leitor a
prosseguir rapidamente, envolvido nas acções dos próprios Beatles, do pessoal
que trabalha para eles, do grupo de jornalistas que os segue, da polícia que os
protege e das fás que os perseguem.
"Love Me Do!" narra a história de forma idónea, sem receios e certamente sem dourar a pílula. De facto, talvez o aspecto mais marcante do livro seja a sua frontalidade. Não podemos esquecer que Michael Braun escreveu o livro numa altura em que os meios de comunicação social se recusavam a levar os Beatles a sério. Além de Braun, ninguém via para lá do cabelo comprido, das gomas Jelly Babies ou dos yeh, yeh, yeh. Enquanto outros mencionavam que os Beatles bebiam Coca-Cola, Braun não viu qualquer razão para esconder o facto de que também a bebiam com uísque.
Capa da edição original (1964) |
Em
suma, "Love Me Do!" mostrou que os Beatles eram humanos, com
opiniões, inteligência, simpatias, antipatias, prazeres e frustações como
qualquer outra pessoa. Revelou que o seu vocabulário podia ir além dos
"diacho" e dos "ora bolas" de Billy Bunter - um facto que
foi claramente um rude golpe para aqueles que pretendiam retratar os Beatles
como sendo irrepreensíveis. Sem dúvida com receio de que os seus leitores
pudessem descobrir tal coisa, a revista mensal destinada aos fãs dos Beatles não
mencionou que "Love Me Do!" tinha sido publicado e o New Musical
Express (NME), numa breve recensão publicada em Novembro de 1964, comentou que
o livro continha «diálogos cáusticos, por vezes grosseiros, alegadamente
deles.» Uma semana depois, o mesmo jornal publicou uma frase mordaz que
relatava, quase com descrença, que «o novo livro de Michal Braun sobre os
Beatles atribui esta citação a John Lennon: "Odiamos os discos do Cliff
Richard"». (Imagine-se só!) Algumas semanas depois, demonstrando
claramente o impacto que "Love Me Do!" estava a ter, apareceu mais
uma menção: «Citado no livro de Michael Braun, George Harrison a dizer palavrões».
O
NME chamou ao livro de Braun «um assassino de imagem» e questionava abertamente
se os Beatles o apreciariam (claramente na esperança de que não fosse o caso). Imagino
que provavelmente não se terão preocupado com o livro nem para bem nem para
mal, mas teriam pelo menos apreciado a forma como Braun os retratou como
pessoas reais. John Lennon lembrou-se de "Love Me Do!" durante a sua
infame e reveladora entrevista à Rolling Stone, em 1970, quando, depois de
rejeitar a biografia autorizada dos Beatles escrita por Hunter Davies, fez o
seguinte comentário: «"Love Me Do!" era um livro melhor. Era um livro
verdadeiro. Descreveu-nos como éramos, ou seja, uns verdadeiros sacanas. Não se
consegue ser outra coisa quando se está sob tanta pressão».
Em nenhum outro lugar essa pressão é tão brilhantemente retratada como em "Love Me Do!" e nenhum outro livro sobre os Beatles alguma vez captou tão bem aqueles tempos que viveram. Indisponível há quase 30 anos, esta reedição é muito bem-vinda e, pessoalmente, acredito que seria uma lástima se este livro de Michael Braun - cuja leitura devia ser obrigatória para todos os estudantes e historiadores do século XX - caísse novamente na obscuridade.
Mark Lewisohn (autor de
"The Complete Beatles Chronicle), Hertfordshire
sábado, 29 de outubro de 2022
NOS MURMÚRIOS DO TEMPO...
Nos murmúrios do tempo
eu vou embora
sem destino!
Nos estilhaços do sonho
eu perco meu enredo
e não tenho limites...
Minha sombra nasce como as
horas
sobre mim.
Estou aqui!
Se é longe ou perto... -
eu não sei!
Meu futuro está além
nas pedras da calçada que
vou pisar.
E que não me enganem os
ouvidos
com melodias surdas sobre
a vida!
Todos os dias eu adormeço
com a voz do
AGORA
e acordo com o peso da
noite sobre mim!
Se é madrugada é puro
acaso
que eu não acredito que o
sol
fabrique os meus dias!
Meu combate de perguntas
acabou!
Isolei meu inimigo - as
respostas
e fiquei só
no campo de batalha
... EM PAZ!
Letícia Peres, São Paulo,
31 de Janeiro de 1976
(Post by Jota Marques)
VIDAS PARALELAS
Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de
todas as conversas atiradas fora,
das descobertas que
fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e
momentos que partilhámos.
Saudades até dos momentos
de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos fins-de-semana,
dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as
amizades continuassem para sempre.
Hoje já não tenho tanta
certeza disso.
Em breve cada um vai para
seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a
sua vida.
Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe...
nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone
e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar,
meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais
raro.
Vamo-nos perder no
tempo...
Um dia os nossos filhos
verão as nossas fotografias e
perguntarão:
Quem são aquelas pessoas?
Diremos... que eram nossos
amigos e... isso vai doer tanto!
- Foram meus amigos, foi
com eles que vivi tantos bons
anos da minha vida!
A saudade vai apertar bem
dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar,
ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo
estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um
último adeus a um amigo.
E, entre lágrimas,
abraçar-nos-emos.
Então, faremos promessas
de nos encontrarmos mais vezes
daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para
o seu lado para continuar a viver a
sua vida isolada do
passado.
E perder-nos-emos no
tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo:
não deixes que a vida
passe em branco, e que
pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades...
Eu poderia suportar,
embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus
amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos!
Fernando Pessoa
(Post by Jota Marques)
sexta-feira, 28 de outubro de 2022
SEDUÇÃO
ENGANO
O ruído dos motores
tornara-se ensurdecedor.
Depois, de súbito, tudo
ficou em silêncio.
Foi à janela e olhou.
Lá em baixo os carros
tinham parado, exactamente em frente à mansão. Abriram-se portas e as fardas
começaram a saír, algumas de bota alta, olhando para cima.
Recuou um pouco, para não
ser visto lá de fora. Encostou o cano da Stein ao canto da janela e, aguentando
com firmeza na anca, atirou a primeira rajada num movimento sabiamente
circular. E continuou.
Enganara-se. Pela primeira
vez.
Vinham apenas dizer-lhe
que fora eleito Presidente.
Mário-Henrique Leiria in "Contos do Gin-Tonic", 1973
(Post by Jota Marques)
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
ÁGORA e SALOMÉ e ANA
Ana Luisa Amaral
~ * ~
SALOMÉ
Mesmo pensada,a traição tem saborque dulcifica
Como bater de remosou pequenas aragensinvade o coraçãoProtegida na escuridãoda menteganha fulgoresde coisa desejadaAmanos extremosdo saber
~ * ~
*
A EXECUÇÃO
aqui está, minha filha:tu desejastee eu Executeie ela Pintou-oentre gesto e anseioe deu -meesta tristeza assim,partida ao meioe um sorriso suspensoe um olharde menos vidaque a vida Deleausente
~ * ~
Quantas vezes te vie me surpreendi porque te olhava?sentindo a tentação de te espiare o desejo de amaro que não tinhaComo saberpelos sonhos mais nusque me assaltavamque eu não era paisagem para ti?Dizem luxúria sóonde houver amore um crime tão enorme de luxúria:mas eu quis-te indefesocomo festa,os teus lábios a festa para mimQuantas vezes me vipensando no meu crimee na história dos homensa julgar-me!Mas o que eu lina bandeja do crimeforam os olhos com que tume olhavas(finalmente eu paisagem)e a luxúriaque há sempreno amor
~ * ~
Ana Luísa Amaral nasceu a 5 de abril de 1956, em Lisboa.
Autora de mais de três dezenas de livros, entre poesia, teatro, ficção, infantis e de ensaio, a sua obra está traduzida e publicada em diversos países.
Obteve várias distinções e prémios em Portugal e no estrangeiro, como a Medalha da Cidade de Paris, a Medalha de Ouro da Câmara Municipal do Porto, por serviços à Literatura, o Prémio Literário Correntes d’Escritas, o Premio de Poesía Fondazione Roma, o Grande Prémio de Poesia da APE, o Prémio PEN de Ficção, o Prémio Vergílio Ferreira, ou, ainda, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana.
Traduziu diferentes poetas, como Emily Dickinson, William Shakespeare ou Louise Glück. Foi professora jubilada da Faculdade de Letras do Porto e membro sénior do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, onde trabalhou nas áreas de poéticas comparadas e estudos feministas.
Morreu a 5 de agosto de 2022.
*
Salomé – Wikipédia, a enciclopédia livre
(Post by Zé Marrana)