Edição: Romano Torres (1971)
Tradução: Leyguarda Ferreira
Dimensões: 120 X 185 X 24 mm
Nº de páginas: 318
“A Cabana do Pai Tomás” está escrito no estilo sentimental e melodramático comum nos romances do século XIX e da ficção doméstica (também designada por ficção para mulheres). Estes géneros eram os mais populares na época de Stowe, havia a tendência para ter personagens principais femininas e um estilo de escrita que tocava nas emoções e na simpatia dos leitores. Embora o romance seja diferente de outros, ao focar-se num tema de grande peso como a escravatura, e por ter um homem como figura central, Stowe tenta da mesma forma criar um ambiente de grandes sentimentos nos seus leitores. Apesar da reacção positiva dos leitores, durante décadas os críticos literários subvalorizaram o estilo encontrado em “Uncle Tom's Cabin” e outros romances sentimentais, porque estes livros eram escritos por mulheres e, por isso, eram influenciados pelas "emoções instáveis das mulheres."Uncle Tom's Cabin” indignou sobretudo as pessoas do Sul dos Estados Unidos. Académicos e leitores criticaram o livro por acharem que contém descrições racistas condescendentes das personagens negras do livro, especialmente no que diz respeito às aparências, bem como a natureza passiva do protagonista ao aceitar o seu destino. A utilização no romance de estereótipos comuns sobre os afro-americanos é significativo porque "A Cabana do Pai Tomás" foi o livro mais vendido no mundo durante o século XIX. Como resultado, o livro (juntamente com as suas ilustrações e produções teatrais associadas) desempenharam um papel importante na formação permanente desses estereótipos na mente americana.
O famoso escritor sulista William Gilmore Simms declarou que a história era totalmente falsa, enquanto outros disseram que o romance era criminoso e calunioso. As reacções tomaram diversas formas, chegando ao ponto de serem enviadas cartas ameaçadoras a Stowe (incluindo um pacote contendo a orelha decepada de um escravo). Muitos escritores sulistas, como Simms, escreveram os seus próprios livros com versões opostas à de Stowe. No entanto, em 1985, Jane Tompkins expressou uma visão diferente de “Uncle Tom's Cabin” no seu livro "In Sensational Designs: The Cultural Work of American Fiction.” Tompkins elogia o estilo que tantos outros críticos subvalorizaram, escrevendo que os romances sentimentais mostraram como é que as emoções das mulheres tinham o poder para mudar o mundo para melhor. Mas acrescenta que os romances domésticos populares do século XIX, incluindo "Uncle Tom's Cabin", eram notáveis pela sua "complexidade intelectual, amição e desenvoltura"; e que "Uncle Tom's Cabin" transmite uma "crítica da sociedade americana mais devastadora do que qualquer outra feita por críticos mais conhecidos como Hawthorne e Melville.
Harriet Beecher Stowe nasceu em Litchfield,
Connecticut, a 14 de Junho de 1811. Ela foi a sexta de 11 crianças nascidas de
um padre calvinista, Lyman Beecher. A mãe, Roxana, foi uma mulher profundamente
religiosa que morreu quando Stowe tinha apenas cinco anos. O avô materno de
Roxana era o general Andrew Ward da Guerra Revolucionária. Harriet matriculou-se
no Seminário Feminino de Hartford dirigido pela irmã mais velha, Catharine. Aí
recebeu algo que as meninas raramente obtinham, uma educação académica
tradicional, com foco em clássicos, línguas e matemática. Entre os seus colegas
de classe estava Sarah P. Willis, que mais tarde escreveu sob o pseudónimo de
Fanny Fern. Em 1832, com 21 anos, Harriet Beecher mudou-se para Cincinnati,
Ohio, para se juntar ao pai, que se tinha tornado presidente do Seminário
Teológico Lane. Começa nessa altura a frequentar um salão literário e clube
social. O comércio e o transporte marítimo de
Cincinnati no rio Ohio estavam em fase crescente, atraindo vários migrantes de
diferentes partes do país, incluindo muitos escravos fugitivos, caçadores de
recompensas e imigrantes irlandeses que trabalhavam nos canais e ferrovias do
estado. Em 1829, a etnia irlandesa atacou os negros, destruindo áreas da
cidade, tentando expulsar esses concorrentes em busca de empregos. Beecher
conheceu vários afro-americanos que sofreram esses ataques, e a experiência
deles contribuiu para que ela escrevesse mais tarde sobre a escravidão. Harriet
também foi influenciada pelos "Debates da escravidão". O maior evento
já ocorrido em Lane (faculdade teológica presbiteriana em Walnut Hills, Ohio),
foi a série de debates travados em 18 dias em Fevereiro de 1834, entre os
defensores da colonização e da abolição, vencidos de forma decisiva por
Theodore Weld e outros abolicionistas. Harriet participou da maioria dos
debates. O pai e os curadores, com medo de mais violência dos brancos
antiabolicionistas, proibiram qualquer discussão sobre o assunto. O resultado
foi um êxodo em massa dos alunos de Lane, juntamente com um curador solidário e
um professor, que se mudaram como um grupo para o novo Oberlin Collegiate Institute
depois que seus curadores concordaram, por uma votação acirrada e amarga, em
aceitar estudantes independentemente de "raça" e permitir discussões
de qualquer tópico. Foi no clube literário de Lane que Harriet conheceu o Rev.
Calvin Ellis Stowe, um viúvo que era professor de Literatura Bíblica no
seminário. Vêm-se a casar no seminário em 6 de janeiro de 1836. Durante
a sua vida, Harriet Stowe escreveu 30 livros, incluindo romances, três memórias de
viagens e colecções de artigos e cartas. Foi influente tanto pelos seus
escritos quanto pelas posições e debates públicos sobre as questões sociais da
época. O mais famoso é na verdade o romance “Uncle Tom's Cabin / A Cabana do Pai
Tomás", que alcançou uma audiência de milhões, tornando-se influente nos
Estados Unidos e na Grã-Bretanha, energizando forças antiescravistas no norte
estadunidense, enquanto provocava a raiva generalizada no sul. Harriet Stowe viria a falecer, com 85 anos, no dia 1 de
Julho de 1896 em Hartford, EUA.
(Post by Jota Marques)
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