Dimensões: 134 X 208 X 5mm
Nº de páginas: 78
Fotografia da capa: Diamantino Gonçalves
ISBN: 978-989-998-219-2
«Supõe-se que a Lenda de Inês de Castro é de formação popular. O povo, diz-se, sentiu-se tão vivamente impressionado por aqueles amores bucólicos, por aquela catástrofe trágica, que foi desde logo elaborando, na sua viva imaginação, essa lenda terníssima, que hoje, volvidos muitos séculos, nos comove profundamente. Esta suposição é errónea. A Lenda de Dª Inês de Castro não é popular. Custa-me destruir um sonho tão romântico, tão belo; mas a verdade tem de ser respeitada.» (António de Vasconcelos)
«O mito é o nada que é tudo» escreve Fernando Pessoa no seu livro "Mensagem"; Herberto Helder relata de forma bárbara a vingança de D. Pedro como salvação do seu amor por Inês; e Ana Luísa Amaral responde através de um poema que «E arrancar corações: um acto inútil». É a partir destes autores que a editora Alma Azul abordou o texto de António de Vasconcelos sobre a "História e a Lenda de Inês de Castro", quando do lançamento do livro na Sertã, a 17 de Dezembro de 2021. António de Vasconcelos, professor catedrático, teólogo e o primeiro responsável da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, aborda no seu texto a história da morte de Inês de Castro através dos documentos disponíveis; e confronta-a com a criação dramática e literária da Lenda que atribui a dramaturgos castelhanos e aos portugueses Garcia de Resende, António Ferreira e Luís de Camões. A obra de António de Vasconcelos procura questionar a dimensão histórica do mito; e a sua sobrevivência ao longo dos séculos através da narrativa, fonte primária da criação de todos os mitos. Contar e recontar uma narrativa (poética ou prosaica) até a transformar em realidade histórica é um dos atributos mais fascinantes e ao mesmo tempo mais perigosos da arte literária. Transformar a História que se quer objectiva e científica numa narrativa é também transformar a sua ficção em realidade. São processos que a Escrita e a Leitura podem dominar; através da consciência da sua responsabilidade e a delimitação do seu território.
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