quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

QUAND ON N'A QUE L'AMOUR


Quand on n'a que l'amour
À s'offrir en partage
Au jour du grand voyage
Qu'est notre grand amour
 
Quand on n'a que l'amour
Mon amour toi et moi
Pour qu'éclatent de joie
Chaque heure et chaque jour
 
Quand on n'a que l'amour
Pour vivre nos promesses
Sans nulle autre richesse
Que d'y croire toujours
 
Quand on n'a que l'amour
Pour meubler de merveilles
Et couvrir de soleil
La laideur des faubourgs
 
Quand on n'a que l'amour
Pour unique raison
Pour unique chanson
Et unique secours
 
Quand on n'a que l'amour
Pour habiller matin
Pauvres et malandrins
De manteaux de velours
 
Quand on n'a que l'amour
À offrir en prière
Pour les maux de la terre
En simple troubadour
 
Quand on n'a que l'amour
À offrir à ceux-là
Dont l'unique combat
Est de chercher le jour
 
Quand on n'a que l'amour
Pour tracer un chemin
Et forcer le destin
À chaque carrefour
 
Quand on n'a que l'amour
Pour parler aux canons
Et rien qu'une chanson
Pour convaincre un tambour
 
Alors sans avoir rien
Que la force d'aimer
Nous aurons dans nos mains
Amis le monde entier
 
***
 
Quando só temos amor
para dar e partilhar
no dia da longa viagem
que é o nosso grande amor
 
Quando só temos amor
o meu e o teu amor
para que rebentem de alegria
cada hora e cada dia
 
Quando só temos amor
para viver as nossas promessas
sem qualquer outra riqueza
que a de sempre acreditar
 
Quando só temos amor
para encher de maravilhas
e cobrir de sol
o horror dos subúrbios
 
Quando só temos amor
por única razão
por única canção
e único socorro
 
Quando só temos amor
para vestir de manhã
pobres e malandros
com casacos de veludo
 
Quando só temos amor
para dar em oração
aos males da terra
como simples trovador
 
Quando só temos amor
para dar àqueles
cujo único combate
é o de procurar o dia
 
Quando só temos amor
para seguir um caminho
e forçar o destino
em cada encruzilhada
 
Quando só temos amor
para falar aos canhões
e apenas uma canção
para convencer um tambor
 
Assim, sem mais nada ter
do que a força de amar
nós teremos nas nossas mãos
amigos, o mundo inteiro
 
(Tradução livre de Jota Marques)
 
"Quand on n'a que l'amour" é uma canção composta por Jacques Brel em 1956, que a gravou nesse mesmo ano, no dia 18 de Setembro, sendo depois editada no ano seguinte no album homónimo (Philips N 76.085 R). Dezasseis anos depois, em 27 de Junho de 1972, Brel gravaria uma nova versão mais longa, que seria incluída no album "Jacques Brel - Nouveaux Enregistements" (Barclay MOV. 5.002), publicado em Setembro desse ano. A versão original tornar-se-ia o primeiro grande sucesso do intérprete e compositor belga, hoje em dia uma figura mítica da canção francófona. Em 1956 as violências da guerra encontravam-se ainda na memória dos franceses, sobretudo em Paris, cidade que Brel descobre após a juventude passada em Bruxelas. A canção irá marcar um momento charneira na carreira de Brel, dando-lhe asas para se lançar à conquista do público francês: ganha o Grande Prémio do Disco Charles Cros em 1957.
 
Universal e intemporal, "Quand on n'a que l'amour" transporta uma mensagem de paz, de união e de esperança contra a violência e a barbárie. É uma canção de amor, mas de um amor universal que liga os indivíduos às sociedades onde estão inseridos. De uma certa maneira utópica, a canção contém uma mensagem de esperança para o mundo, uma espécie de ilustre antepassado de "Imagine", que John Lennon escreveria em 1971. A partir do momento em que conseguimos amar, «nous aurons dans nos mains le monde entier». Este amor, cantado por Brel, é o que nos dá força e nos ajuda a levantar quando os tempos são difíceis. E a começar pelos mais necessitados, pelos pobres, os que mais nada têm para combater os infortúnios do dia-a-dia.

(Post by Jota Marques)

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