Quand on n'a que l'amour
À s'offrir en partage
Au jour du grand voyage
Qu'est notre grand amour
Mon amour toi et moi
Pour qu'éclatent de joie
Chaque heure et chaque jour
Pour vivre nos promesses
Sans nulle autre richesse
Que d'y croire toujours
Pour meubler de merveilles
Et couvrir de soleil
La laideur des faubourgs
Pour unique raison
Pour unique chanson
Et unique secours
Pour habiller matin
Pauvres et malandrins
De manteaux de velours
À offrir en prière
Pour les maux de la terre
En simple troubadour
À offrir à ceux-là
Dont l'unique combat
Est de chercher le jour
Pour tracer un chemin
Et forcer le destin
À chaque carrefour
Pour parler aux canons
Et rien qu'une chanson
Pour convaincre un tambour
Que la force d'aimer
Nous aurons dans nos mains
Amis le monde entier
***
para dar e partilhar
no dia da longa viagem
que é o nosso grande amor
o meu e o teu amor
para que rebentem de alegria
cada hora e cada dia
para viver as nossas promessas
sem qualquer outra riqueza
que a de sempre acreditar
para encher de maravilhas
e cobrir de sol
o horror dos subúrbios
por única razão
por única canção
e único socorro
para vestir de manhã
pobres e malandros
com casacos de veludo
para dar em oração
aos males da terra
como simples trovador
para dar àqueles
cujo único combate
é o de procurar o dia
para seguir um caminho
e forçar o destino
em cada encruzilhada
para falar aos canhões
e apenas uma canção
para convencer um tambor
do que a força de amar
nós teremos nas nossas mãos
amigos, o mundo inteiro
(Tradução
livre de Jota Marques)
"Quand on n'a que l'amour" é uma canção composta por Jacques Brel em 1956, que a
gravou nesse mesmo ano, no dia 18 de Setembro, sendo depois editada no ano
seguinte no album homónimo (Philips N 76.085 R). Dezasseis anos depois, em 27
de Junho de 1972, Brel gravaria uma nova versão mais longa, que seria incluída
no album "Jacques Brel - Nouveaux Enregistements" (Barclay MOV.
5.002), publicado em Setembro desse ano. A versão original tornar-se-ia o
primeiro grande sucesso do intérprete e compositor belga, hoje em dia uma
figura mítica da canção francófona. Em
1956 as violências da guerra encontravam-se ainda na memória dos franceses,
sobretudo em Paris, cidade que Brel descobre após a juventude passada em
Bruxelas. A canção irá marcar um momento charneira na carreira de Brel,
dando-lhe asas para se lançar à conquista do público francês: ganha o Grande
Prémio do Disco Charles Cros em 1957.
Universal e intemporal, "Quand on
n'a que l'amour" transporta uma mensagem de paz, de união e de esperança
contra a violência e a barbárie. É uma canção de amor, mas de um amor universal
que liga os indivíduos às sociedades onde estão inseridos. De uma certa maneira
utópica, a canção contém uma mensagem de esperança para o mundo, uma espécie de
ilustre antepassado de "Imagine", que John Lennon escreveria em 1971. A
partir do momento em que conseguimos amar, «nous aurons dans nos mains le monde
entier». Este amor, cantado por Brel, é o que nos dá força e nos ajuda a
levantar quando os tempos são difíceis. E a começar pelos mais necessitados,
pelos pobres, os que mais nada têm para combater os infortúnios do dia-a-dia.
(Post by Jota Marques)
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