ISBN: 978-972-372-274-1
Nº de páginas: 176
Nascido em Évora em 1940 e falecido a 2 de Janeiro de 2006, António Gancho foi um dos mais singulares poetas da segunda metade do século XX. Revelou-o Herberto Helder, ao incluir 11 poemas seus na antologia "Edoi Lelia Doura", de 1985. E até à sua morte, na Casa de Saúde do Telhal, em Sintra, onde fora internado pelo pai em 1967 por esquizofrenia, só publicaria dois livros: a novela erótica "As Dioptrias de Elisa", em 1996, e, no ano anterior, "O Ar da Manhã", há muito esgotado e agora reeditado pela Assíro & Alvim. Trata-se de um volume em quatro partes, sempre publicadas em conjunto, como aqui acontece. O próprio "O Ar da Manhã", com 36 poemas de 1960/67, aqueles que deu a ler a Herberto Helder; "Gaio do Espírito", com 30 composições de Dezembro de 1985 a Fevereiro de 1986; "Poemas Digitais", com 50 criações de Junho a Julho de 1989; e "Poesia Prometida", com dez textos de Dezembro de 1985. Os poemas haviam sido dactilografados e entregues ao editor Álvaro Lapa e foram apresentados numa memorável leitura pública feita pelo poeta e por Álvaro Lapa no Cine-Teatro Monumental, para uma sala cheia. Notou-se de imediato uma poesia livre, criativa e com imprevisíveis clarões de grande intensidade lírica, inovadora, com uma íntima e escaldante lucidez perturbada à superfície por surpreendentes tensões rítmicas e linguísticas. Lírico e surrealista, mostra-se cultor do poema longo e da interrogação da natureza que o envolve. Em "Sobre a ordem da poesia", escreve: «A poesia nasce e faz-se aqui neste fazer-se poesia / aqui onde a poesia toma as proporções da mensagem do dia / a esta luz mediterrânica / este sol / este céu / aqui a poesia se transforma no todo da natureza.»
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