quarta-feira, 16 de novembro de 2022

BRIDGE OVER TROUBLED WATER

BRIDGE OVER TROUBLED WATER
(Composed by Paul Simon; recorded by Art Garfunkel in November 9, 1969)

 

When you're weary

Feeling small

When tears are in your eyes

I will dry them all

 

I'm on your side

When times get rough

And friends just can't be found

Like a bridge over troubled water

I will lay me down

 

When you're down and out

When you're on the street

When evening falls so hard

I will comfort you

 

I'll take your part

When darkness comes

And pain is all around

Like a bridge over troubled water

I will lay me down

 

Sail on, silver girl

Sail on by

Your time has come to shine

All your dreams are on their way

See how they shine

 

If you need a friend

I'm sailing right behind

Like a bridge over troubled water

I will ease your mind




PONTE SOBRE ÁGUAS AGITADAS

 

Quando estás cansada

A sentir-te em baixo

Quando tens lágrimas nos olhos

Eu secá-las-ei a todas

 

Estou a teu lado

Quando os tempos ficam difíceis

E os amigos não aparecem

Como uma ponte sobre águas agitadas

Eu estender-me-ei contigo

 

Quando estás em baixo e fora de ti

Quando estás na rua

Quando a noite cai tão intensa

Eu servir-te-ei de conforto

 

Ficarei a teu lado

Quando a escuridão chegar

E a dor estiver por todo o lado

Como uma ponte sobre águas agitadas

Eu estender-me-ei contigo

 

Navega, rapariga prateada

Navega sempre em frente

O teu tempo começou a brilhar

Todos os teus sonhos estão a caminho

Vê como eles brilham

 

Se precisares de um amigo

Eu navego mesmo atrás de ti

Como uma ponte sobre águas agitadas

Eu acalmarei teu pensamento

 

 (Tradução livre de Jota Marques)


A canção nasceu no Verão de 69, quando Paul Simon começou a escrevê-la numa casa de férias alugada pelo duo em Los Angeles. Curiosamente, tratava-se da mesma casa, localizada numa rua chamada "Blue Jay Way", onde George Harrison tinha composto o tema homónimo apenas dois anos antes. Na altura Art Garfunkel encontrava-se no México, na rodagem do filme “Catch 22 / Artigo 22”. Nesse mesmo Verão a realidade tomava o lugar do sonho e a 20 de Julho o Homem pisava pela primeira vez solo lunar.

Cerca de um mês depois, numas termas portuguesas, dois desconhecidos olhavam-se também pela primeira vez e descobriam o Primeiro Amor (o tal que, segundo os entendidos, é suposto durar toda uma vida). Ele tinha 16 anos, ela 14. O encontro foi breve. E pouco tempo depois a distância intrometeu-se, só lhes permitindo palavras escritas como consolo.

Entretanto Garfunkel, regressado do México, teve a grata surpresa de Simon insistir que a voz em "Bridge" fosse exclusivamente a sua. Assim foi e Art gravou o tema sózinho - as duas primeiras estrófes em Nova Iorque, a terceira em Los Angeles - isto porque de início a canção era para ter apenas duas partes, com uma letra completamente diferente. A extensão ficou a dever-se à insistência de Garfunkel e também do produtor Roy Halee. Consta que mais tarde Paul se arrependeu desse gesto altruísta devido ao grande êxito alcançado pela canção - nada menos do que 5 Grammys: melhor gravação, melhor canção, melhor arranjo, melhor engenharia de som e melhor canção contemporânea. Haveria ainda mais um Grammy para o album, justamente considerado o melhor de 1970.

Quando o single e o album homónimo saíram nos princípios de 1970, aquele romance de férias ganhou novo alento e a canção tornou-se rapidamente num dos seus laços mais fortes: «Porque não páro de ouvir “Bridge Over Troubled Water” e porque me vêm as lágrimas aos olhos quando o faço? Porque desejo tanto ver-te, falar-te, estar a teu lado, não em pensamentos, mas na realidade?» E depois de uma longa espera, o re-encontro tão ansiado aconteceu enfim: «Pusémos o "Bridge" a tocar e começámos a dançar, ternamente, muito juntos, experimentando um mundo de sensações que nos estavam proibidas há tanto tempo! E depois foi o meu primeiro beijo, o nosso primeiro beijo, e não sei descrever a beleza e a maravilha que sentimos. Nessa tarde só essa música tocou no gira-discos e por incrível que pareça nunca nos cansámos de a ouvir. Passámos o resto do dia assim, meio adormecidos, meio acordados...»

Mas uma vez mais a separação voltou a acontecer, só que então com carácter definitivo: «Partíamos com as mãos docemente amarradas e os corações estoirando uma alegria breve, quando a noite descia apaixonada como o longo beijo da nossa despedida»



(O tempo passou. Apenas o tempo. E mais outro tempo também)


Existem amores, vagos e fugidios, que duram apenas três dias. Mas há outros, raros e preciosos, que o tempo e a saudade alimentam e que duram toda a vida. O nosso é destes e regressou, passados quase 20 anos:


«Tu vieste.

E acordas todas as horas, preenches todos os minutos,

acendes todas as fogueiras, escreves todas as palavras.»


Foi um regresso breve, transitório. Mas durou o suficiente para que a canção fosse ouvida de novo, uma derradeira vez. Juntos. Ao entardecer.


(Como de costume o tempo voltou a passar. Apenas o tempo.)


E mais outro tempo virá ainda onde não saberás sequer o meu nome. Um nome que se apagará pouco a pouco dos teus lábios, da tua memória. E seremos reduzidos a algumas canções. Ou só a uma.

(Post by Jota Marques)

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