(Composed by Paul Simon; recorded by Art Garfunkel in November 9, 1969)
When you're weary
Feeling small
When tears are in your eyes
I will dry them all
I'm on your side
When times get rough
And friends just can't be found
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
When you're down and out
When you're on the street
When evening falls so hard
I will comfort you
I'll take your part
When darkness comes
And pain is all around
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Sail on, silver girl
Sail on by
Your time has come to shine
All your dreams are on their way
See how they shine
If you need a friend
I'm sailing right behind
Like a bridge over troubled water
I will ease your mind
PONTE SOBRE ÁGUAS AGITADAS
Quando estás cansada
A sentir-te em baixo
Quando tens lágrimas nos
olhos
Eu secá-las-ei a todas
Estou a teu lado
Quando os tempos ficam
difíceis
E os amigos não aparecem
Como uma ponte sobre águas
agitadas
Eu estender-me-ei contigo
Quando estás em baixo e
fora de ti
Quando estás na rua
Quando a noite cai tão intensa
Eu servir-te-ei de conforto
Ficarei a teu lado
Quando a escuridão chegar
E a dor estiver por todo o
lado
Como uma ponte sobre águas
agitadas
Eu estender-me-ei contigo
Navega, rapariga prateada
Navega sempre em frente
O teu tempo começou a
brilhar
Todos os teus sonhos estão
a caminho
Vê como eles brilham
Se precisares de um amigo
Eu navego mesmo atrás de
ti
Como uma ponte sobre águas
agitadas
Eu acalmarei teu pensamento
A canção nasceu no Verão de 69, quando Paul Simon começou a escrevê-la numa casa de férias alugada pelo duo em Los Angeles. Curiosamente, tratava-se da mesma casa, localizada numa rua chamada "Blue Jay Way", onde George Harrison tinha composto o tema homónimo apenas dois anos antes. Na altura Art Garfunkel encontrava-se no México, na rodagem do filme “Catch 22 / Artigo 22”. Nesse mesmo Verão a realidade tomava o lugar do sonho e a 20 de Julho o Homem pisava pela primeira vez solo lunar.
Cerca de um mês depois, numas termas portuguesas, dois desconhecidos olhavam-se também pela primeira vez e descobriam o Primeiro Amor (o tal que, segundo os entendidos, é suposto durar toda uma vida). Ele tinha 16 anos, ela 14. O encontro foi breve. E pouco tempo depois a distância intrometeu-se, só lhes permitindo palavras escritas como consolo.
Entretanto Garfunkel, regressado do México, teve a grata surpresa de Simon insistir que a voz em "Bridge" fosse exclusivamente a sua. Assim foi e Art gravou o tema sózinho - as duas primeiras estrófes em Nova Iorque, a terceira em Los Angeles - isto porque de início a canção era para ter apenas duas partes, com uma letra completamente diferente. A extensão ficou a dever-se à insistência de Garfunkel e também do produtor Roy Halee. Consta que mais tarde Paul se arrependeu desse gesto altruísta devido ao grande êxito alcançado pela canção - nada menos do que 5 Grammys: melhor gravação, melhor canção, melhor arranjo, melhor engenharia de som e melhor canção contemporânea. Haveria ainda mais um Grammy para o album, justamente considerado o melhor de 1970.
Quando o single e o album homónimo saíram nos princípios de 1970, aquele romance de férias ganhou novo alento e a canção tornou-se rapidamente num dos seus laços mais fortes: «Porque não páro de ouvir “Bridge Over Troubled Water” e porque me vêm as lágrimas aos olhos quando o faço? Porque desejo tanto ver-te, falar-te, estar a teu lado, não em pensamentos, mas na realidade?» E depois de uma longa espera, o re-encontro tão ansiado aconteceu enfim: «Pusémos o "Bridge" a tocar e começámos a dançar, ternamente, muito juntos, experimentando um mundo de sensações que nos estavam proibidas há tanto tempo! E depois foi o meu primeiro beijo, o nosso primeiro beijo, e não sei descrever a beleza e a maravilha que sentimos. Nessa tarde só essa música tocou no gira-discos e por incrível que pareça nunca nos cansámos de a ouvir. Passámos o resto do dia assim, meio adormecidos, meio acordados...»
Mas uma vez mais a separação voltou a acontecer, só que então com carácter definitivo: «Partíamos com as mãos docemente amarradas e os corações estoirando uma alegria breve, quando a noite descia apaixonada como o longo beijo da nossa despedida»
(O tempo passou. Apenas o tempo. E mais outro tempo também)
Existem amores, vagos e fugidios, que duram apenas três dias. Mas há outros, raros e preciosos, que o tempo e a saudade alimentam e que duram toda a vida. O nosso é destes e regressou, passados quase 20 anos:
«Tu vieste.
E acordas todas as horas,
preenches todos os minutos,
acendes todas as fogueiras, escreves todas as palavras.»
Foi um regresso breve, transitório. Mas durou o suficiente para que a canção fosse ouvida de novo, uma derradeira vez. Juntos. Ao entardecer.
(Como de costume o tempo
voltou a passar. Apenas o tempo.)
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