sábado, 15 de outubro de 2022

O PAUZINHO DO MATRIMÓNIO

UM ALMANAQUE PERPÉTUO COM
NOVO FORMATO E NOVA CAPA

Na Europa do século XIX, os almanaques invadiram todas as casas de família. Fazendo uso das rubricas habituais – calendários, adágios, adivinhas, canções, enigmas, pequenos contos, textos pseudocientíficos, alguns dos quais alusivos às viagens em África ou aos progressos no campo das ciências naturais – "O Pauzinho do Matrimónio - Almanaque Perpétuo" propõe uma temática inteiramente distinta… O Pauzinho foi publicado em data desconhecida, talvez 1879, e é hoje obra raríssima entre os coleccionadores, com hilariantes desenhos de Rafael Bordalo Pinheiro.

AOS CATURRAS

Vão gritar muito contra o pauzinho. Dirão que é imoral, que não tem graça e há‑de até parecer‑lhes perigoso. E contudo serão eles próprios, os púdicos, os castos, que hão‑de comprar o livro e lê‑lo de uma assentada. Não fizeram outro tanto a um romance — magnificamente belo na forma e na essência — que se publicou há pouco? Gritaram porém menos, unicamente porque na página 320 a luxúria desenvolta e livre se achava encoberta nas galas opulentas de um estilo soberbo, e porque mais adiante foram substituídas as três letras finais da palavra puta por umas discretas reticências. Talvez também contribuísse para lhes abrandar os ímpetos os reclames continuados que anunciaram a publicação deste e as reservas extremas com que aquele é dado à estampa. Já se sabe que não metemos em conta o mérito de um e a insignificância do outro. Quem se importa com isso! Por descargo de consciência, diremos, todavia, que o fim do pauzinho não é perverter, mas divertir. Composto para ser lido por homens, não vimos inconveniente em chamar as coisas pelo seu próprio nome, porque, afinal, digam o que quiserem, a porra há‑de ser sempre porra, muito embora lhe inventem nomes mais ou menos sonoros. E se ele for parar às mãos de alguma menina que, por excesso de ingenuidade, se apegue a ele como as velhas ao seu Santo António? Não será culpa nossa. Nós escondemo‑lo bem, elas que façam outro tanto: guardem‑no onde puderem e… regalem‑se com ele! (Os editores)

ÍNDICE

Aviso importante 12
Aos caturras 13
Estações 15
Eclipses 16
Calendário 17
Juízo do ano 41
Uma cena doméstica 46
Caralhofobia 49
L’Homme femme 51
Cara de caralho 53
Charada 57
Plano malogrado 58
Todo não! 61
Variações 63
! ! ! 70
Qual é mais puta? 71
Cara pívia! 72
Uma rima difícil 73
O Porrodonte 74
Uma razão 77
Bom emprego de capital 78
A flor de laranjeira 78
A Primeira Entrevista 79
Ao autor da primeira entrevista 86
O pauzinho explorador 86
A nova escola 87
Calembourg 88
Mais um corno 89
A patrulha 91
Episódios de um baile 93
O sabão vegetal 99
Bouquet modelo 100
Classificação do marido 101
Revelações (1.ª parte) 103
A história do moleiro 119
Revelações (2.ª parte) 122
Antes 143
Depois 144
Agora 145
Reputación 146
Lirismo 147
Um pensamento inédito de Bocage 149
Charada 150
Arte de gozar e fazer gozar 151
Nas praias 165
A uma dama 167
Aviso importante 168
Posfácio
Rafael Bordalo Pinheiro desconhecido 169

AVISO IMPORTANTE:

Não fica reservado nenhum direito de propriedade literária ou artística do pauzinho. Pode ser pois reproduzido em qualquer parte e muito principalmente no Brasil. As contrafacções, porém, conhecemse facilmente. Hãode ser menos excitantes e mais sensaboronas. Pertencendo à escola ultraavançada em questões de propriedade, os editores aconselham às pessoas que puderem apanhar este livro por qualquer meio, compra, achado ou empréstimo (exceptuase a palmação) que lhe chamem seu para todos os efeitos e o não restituam para efeito algum.

(Post by Jota Marques)

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