“Die Verlorene Ehre der Katharina Blum / A Honra Perdida de Katharina Blum”, é descrito não como um romance, e muito menos «um romance sobre terroristas», mas sim, segundo o próprio autor, «um panfleto disfarçado de narrativa, um escrito polémico», ou, muito simplesmente, «uma história de amor», que opõe uma boa rapariga, uma simples e honesta empregada doméstica que se apaixona casualmente por um homem procurado pela Polícia, a um poderoso jornal sensacionalista: vendo-se arrastada para o centro de uma campanha difamatória, e perante a «violência dos cabeçalhos» e a total destruição da sua vida privada, Katharina Blum é forçada a ir até às últimas consequências para defender a sua honra e dignidade. Retrato ferozmente crítico de uma sociedade alemã dividida e em convulsão, “A Honra Perdida de Katharina Blum” foi originalmente publicada em 1974 e adaptada ao cinema no ano seguinte, tornando-se um dos livros mais célebres do Prémio Nobel, bem como da literatura europeia do pós-guerra. O filme foi dirigido por dois realizadores, Volker Schlöndorff e Margarethe Von Trotta, que também assinaram o respectivo argumento cinematográfico. As interpretações ficaram a cargo de Angela Winkler e Mario Adorf nos principais papéis.
Escritor alemão, Heinrich Böll nasceu a 21 de Dezembro de 1917 na cidade de Colónia. Filho de um escultor e entalhador, descendente de uma família de ingleses que fugiram às perseguições religiosas do seu país. Começou a ir à escola aos sete anos de idade, e estudou sempre em Colónia. Foi um dos poucos jovens a não aderir à Juventude Hitleriana, o que o isolou nos livros e, sobretudo, no cultivo da poesia. Concluindo os seus estudos secundários em 1937, Heinrich Böll começou a trabalhar como aprendiz numa firma editora-livreira e alfarrabista, mas acabou por abandonar o ofício no ano seguinte. Começou então a escrever, ganhando algum dinheiro a dar explicações. Nos finais do ano de 1938 iniciou o cumprimento de um período de trabalho obrigatório, na época um requisito para a admissão em qualquer universidade. Matriculou-se assim na Universidade de Colónia como estudante de Filologias Clássica e Germânica, mas uma vez mais teve que interromper o seu percurso, desta feita ao ser engajado pelo exército na altura em que pairava já a ameaça da guerra. Combateu em várias frentes de batalha e, sobrevivendo às mais horrendas carnificinas, acabou por ser aprisionado pelas tropas norte-americanas em defesa do território alemão, já em 1945. Libertado em Novembro desse mesmo ano, fixou-se nos arredores de Colónia, uma casa parcialmente destruída, que foi reconstruindo, encontrando também tempo e disposição para escrever. Os seus primeiros contos foram publicados a partir de 1946, e o seu primeiro livro, uma novela intitulada “Der Zug War Pünktlich / O Trem Foi Pontual”, foi publicado em 1949. A obra debruçava-se sobre as crueldades que testemunhou antes e durante a Segunda Guerra Mundial, e procurava não só libertar o autor dos seus traumas, como contribuir de certa forma para o esforço de reconstrução do país.
A
partir de 1950 começou a trabalhar a título temporário no Instituto de
Estatísticas de Colónia, onde se manteve até ao ano seguinte, altura em recebeu
um convite para aderir à famosa tertúlia literária Gruppe 47, liderada por
Günter Grass. Tornou-se escritor a tempo inteiro com a publicação de “Wo Warst
Du, Adam?” (1951) e, em 1953, apareceu o seu primeiro grande romance de
sucesso, “Und Sagte Kein Einziges Wort / E Não Disse Nem Mais Uma Palavra”,
obra de tristeza e de esperança, de pobreza e sobrevivência, e em que Böll
utiliza técnicas narrativas originais, característica do seu trabalho. Em “Ansichten
Eines Clownes / Pontos de Vista dum Palhaço” (1963), o autor utiliza uma série
de telefonemas para contar a história de um homem que se aliena da sociedade e
que se faz de parvo para renunciar às suas responsabilidades. “Gruppenbild Mit
Dame / Retrato de Grupo com Senhora” (1971) constituiu também uma inovação
formal, já que Böll se serviu de um conjunto de documentos e entrevistas
fictícias sobre Leni Pfeiffer para descrever as vidas de cerca de meia centena
de outras personagens. A partir de 1968 lecionou na Universidade de Frankfurt,
na Universidade de Praga (1969) e na de Israel 1970). Envolveu-se activamente
na política a partir de 1972, juntando-se aos sociais-democratas de Willy
Brandt. Nesse mesmo ano foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura. Em
1974 publicou “Die Verlorene Ehre der Katharina Blum / A Honra Perdida de
Catarina Blum”. Heinrich Böll viria a falecer em Kreuzau, a 16 de Julho de 1985.
Tinha 67 anos.
(Post by Jota Marques)
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