Maria do Rosário Pedreira
Maria do Rosário Pedreira nasceu em Lisboa em 1959. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Depois de uma breve passagem pelo ensino, que a influenciou a escrever para jovens, ingressou na carreira editorial, sendo hoje editora de literatura portuguesa.
Poesia Reunida
Esta
manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e
o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me
onde antes os teus dedos foram aves
de
verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No
abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola;
e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que
era o resto da vida - como um peixe respira
na
rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram
os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é
um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um
vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um
trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e
repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas
as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as
forças, são frios os batentes nas portas da manhã
*
Adeus,
Futuro
Edição: abril de 2021
As crónicas de Maria do Rosário Pedreira são momentos de
observação do quotidiano de quem gosta de livros - o seu público dominante. E,
a partir dos livros, um observatório do mundo.
Toda a vida de Maria do Rosário Pedreira, de quem a Quetzal
já publicou a sua Poesia Reunida (em 2ª edição) está ligada à «vida dos
livros». Além de leitora, autora e editora, manteve durante anos uma crónica
semanal no Diário de Notícias, bem como um blogue intitulado As Horas
Extraordinárias, ainda ativo e de grande sucesso na internet. Este livro reúne
os seus textos sobre essa vida extraordinária, ou seja, tudo o que vem nos
livros sem, no entanto, falar deles - da queda do Muro de Berlim ao Brexit, do
Acordo Ortográfico à descrição dos dias da adolescência, da religião à crise do
ensino das Humanidades, do fado à crise ambiental, mas sempre intermediado por
histórias e exemplos de vida comum ou escrito para pessoas comuns que se
reconhecem nesses episódios que constroem o segredo de cada crónica - como
estas, originalmente publicadas no Diário de Notícias.
Prefácio de José Ferreira Fernandes.
*
O Meu Corpo
Humano
Editor: Quetzal Editores
Edição: abril de 2022
A arquitetura de o meu corpo humano liga cada uma das emoções, memórias e sensações a uma parte do corpo ou a determinados órgãos: da cabeça aos rins e aos tornozelos, dos olhos às mãos e ao coração, há sempre uma relação entre as partes do corpo - e o sofrimento que habita a nossa vida, a nossa memória e as marcas que deixamos ao passar.
Depois de uma demorada
interrupção na sua produção poética, Maria do Rosário Pedreira regressa com um
livro cheio de beleza e iluminação, como uma aula de anatomia que procura os
segredos de cada recordação.
*
~*~
Não conhecia. Mas pelo que li, urge colmatar tal ignorância.
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