quinta-feira, 20 de outubro de 2022

ALBERTO MANGUEL

Alberto Manguel : Literatura

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Alberto Manguel (1948, Buenos Aires) cresceu em Telavive e Argentina. Aos 16 anos trabalhava na livraria Pigmalyon, em Buenos Aires, quando Jorge Luis Borges* lhe pediu que lesse para ele em sua casa. Foi leitor de Borges entre 1964 e 1968. Em 1968 mudou-se para a Europa. Viveu em Espanha, França, Itália e Inglaterra, ganhando a vida como leitor e tradutor para várias editoras. Editou cerca de uma dezena de contos sobre temas tão díspares como o fantástico ou a literatura erótica. É ensaísta, romancista premiado e autor de vários best-sellers internacionais, como o «Dicionário de Lugares Imaginários», «Uma História da Curiosidade», «Com Borges», «A Biblioteca à Noite», «Embalando a minha Biblioteca» e «Uma História da Leitura». Foi director da Biblioteca Nacional da Argentina entre 2016 e 2018. Recebeu o prémio Formentor das Letras em 2017. Actualmente, vive em Lisboa, onde vai dirigir uma biblioteca e o Centro de Estudos da História da Leitura.

* Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 24 de agosto de 1899 — Genebra, 14 de junho de 1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Estudou nos primeiros anos na Suíça, e Direito na Universidade de Buenos Aires. Mais tarde, Borges estudou na Universidade de Cambridge para tornar-se professor. Foi, ainda, diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires. Um dos traços distintos de Borges é a condição visual que herdou do pai, e que o cegou totalmente aos 55 anos.

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«A relação entre um leitor e um livro é daquelas que eliminam as barreiras do tempo e do espaço e permite algo a que Francisco de Quevedo chamou ‘conversas com os mortos’. Nessas conversas sou revelado. Elas moldam-me e concedem-me um certo poder mágico.»

*Escritor e Poeta espanhol, Francisco Quevedo nasceu em 1580, em Madrid, e morreu em 1645.

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Alberto Manguel: “Em Lisboa encontrei um sentido de honra e nobreza de espírito que é quase feudal”/“Lisbonne est mon dernier amour, celui qui a le plus de force”.

“Não há um romance sobre a cidade”, diz o escritor argentino Alberto Manguel, recém lisboeta a instalar a sua biblioteca num palácio das Janelas Verdes. E traça um retrato deste lugar do seu imaginário, que mete saudade, livros e democracia em estado puro.

O escritor argentino mora agora em Lisboa, cidade a que doou a sua biblioteca de mais de 40 mil livros que ficará no Centro de Estudos de História da Leitura, no Palacete dos Marqueses de Pombal, na Rua das Janelas Verdes, cedido pela CML.


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Sabemos que lemos, mesmo quando aceitamos suspender a descrença; sabemos porque é que lemos, mesmo quando não sabemos como, conscientes ao mesmo tempo do texto ilusório e do acto de leitura. Lemos para conhecer o fim, por consideração à história. Lemos, não para chegar ao fim, mas pelo prazer da própria leitura. Lemos com absoluta atenção, quais caçadores em busca de pegadas, alheios ao que nos rodeia. Lemos distraidamente, saltando páginas. Lemos com desprezo, admiração, negligência, fúria, paixão, inveja, anseio.

Lemos em lufadas de prazer súbito, sem saber o que provocou esse prazer. ‘Mas que emoção é esta?’, pergunta Rebecca West*, depois de ler o Rei Lear. ‘Que influência é esta que as maiores obras de arte têm sobre a minha vida, que me faz sentir tão feliz?’. Não sabemos. Lemos na ignorância. Lemos em gestos lentos, demorados, como se flutuássemos, no espaço, sem peso. Lemos cheios de preconceitos, com malícia. Lemos com generosidade, indulgentes com o texto, preenchendo vazios, emendando os seus erros. E, por vezes, quando os astros são favoráveis, lemos suspendendo o fôlego, percorridos por um arrepio, como se alguém ou alguma coisa tivesse ‘caminhado sobre o nosso túmulo’, como se uma memória tivesse sido subitamente libertada do fundo do nosso ser.»

*Dame Cicely Isabel Fairfield (1892 –1983), known as Rebecca West, was a British author, journalist, literary critic, and travel writer.

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https://youtu.be/YZWIPRudNtg


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(Post by Zé Marrana)

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